segunda-feira, 6 de julho de 2009

A droga e o legal

Gabriel, "o Pensador", fez sucesso com a música "Maresia". Desde pequeno adoro essa "obra". E tem um trecho que eu nunca esqueço, por ser tão verdadeiro, tão real e atual, mesmo tendo sido cantada pela primeira vez há mais de uma década.

"Eles querem acabar com a violência, mas a paz é contra lei e a lei é contra a paz".

Verdadeiro demais.

Essa semana as rádios de São Paulo estão dando uma blitz na Cracolândia (para quem não é paulista, a "Cracolândia" é um bairro da região central da cidade chamado "Luz", mas devido à quantidade de usuários de drogas, tornou-se conhecida como "Cracolândia"). Essa semana deve ter mais jornalistas, repórteres e câmeras do que usuários an região. As principais emissoras estão "metralhando" as autoridades pelo aparente conformismo.

Vendo e ouvindo tantas notícias sobre o assunto, percebi muita gente reclamando: "Os caras usam droga o dia inteiro, no meio da rua. A Polícia passa e não faz nada". Os policiais se defendem com a seguinte argumentação:

- Quando o sujeito é flagrado usando a droga, ele é preso e autuado. Porém, usar drogas não é tráfico, então pode ser paga uma fiança e o sujeito está livre. Essa foi a explicação do delegado Aldo Galeano Junior, titular da 1ª Delegacia Seccional, à Rádio CBN.

Até aí, está tudo explicado (embora eu não concorde, mas essa é a resposta para o problema). Porém, minha dúvida vai além e eu fico realmente confuso com essa lei.

Afinal, se é proibido vender drogas, por que é permitido consumir? Ou, se é permitido usar drogas, por que é proibido vender?

Se algo é proibido de ser vendido, deveria ser proibido de ser consumido.

Se algo pode ser consumido, então que seja liberado para ser vendido.

Entendeu? Você pode consumir algo que é proibido de ser vendido e, se for pêgo em flagrante, (EM FLAGRANTE) a punição é financeira. Se os policiais chegarem e você não estiver consumindo, já era a prisão... O próprio delegado falou isso! Aldo disse que, como andam em grupos grandes, quando os usuários percebem a aproximação policial, eles jogam a droga no chão e pronto: não tem como provar que o indíviduo estava fumando crack... Vai entender essa lei...

Que fique claro: sou totalmente contrário às drogas. Na minha opinião, se não tem um uso médico, que o tal produto não seja comercializado e, se alguém for pêgo consumindo, que seja preso. O traficante só é traficante por que ele tem para quem vender, se não tivesse o comprador, ele não iria ser traficante... Se não tivesse traficante, muitas menininhas não precisariam se prostituir para poder comprar mais pedras... É um efeito óbvio...

O questionamento é: por que não simplificamos? Se a droga fosse proibida de ser vendida e proibida de ser consumida, a região central de São Paulo não seria chamada de Cracolândia, pois não teríamos usuários espalhados pelas ruas, atormentando os moradores da região e também quem passa pelo local. A polícia poderia chegar e prender. Ponto final.

Quem sofre é a população, que é assaltada para que os usuários possam comprar mais drogas, que não consegue dormir em paz por que tem um monte de gente fazendo baderna nas ruas, que não consegue chegar em casa tranquilamente, pois há um monte de pessoas, literalmente, sem noção do que estão fazendo - e aí, um é agredido, outro roubado, outra abusada sexualmente...

Nem cogito a idéia de liberar as drogas, isso seria um caos...

Ah, claro, muitos especialistas criticaram as autoridades, cobrando tratamento para esses usuários. Como se o problema fosse a falta de programas para livrar um viciado do mundo das drogas... E vale lembrar: para conseguir droga, o cara tem que pagar, ou seja, ele te que tirar dinheiro de algum lugar, nada é de graça. Difícil acreditar que os usuários são pobres coitados vítimas do tiranismo dos traficantes... Eles quiseram comprar drogas. Isso, óbvio, não elimina das autoridades a responsabilidade de elaborar um trabalho decente de ajuda à essas pessoas. Não basta pegar a turma, jogar dentro de uma van, levar para um albergue (se o nome já é feio, imagine como é lá dentro) e pronto. Tem que ter um acompanhamento, um trabalho de resocialização... Coisas que não vemos nos governos...

Um comentário:

Anônimo disse...

por isso que eu não compro a minha maconha como a maioria financiando essas balas perdidas, eu compro, colho, e fumo dentro da minha casa sem interferir ninguém.
o que eu acho foda, mais foda pra caralho é esse tal de crack, isso acaba com a pessoa fisicamente mentalmente e tudo mais, mais não vejo no nosso país alguma atitude dos nossos governantes.

lhe indico algumas estatísticas da ONU sobre a politicas de drogas na america latina. ;)

ps. o blog está sensacional parabéns!