sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

A droga da polêmica

Na quinta-feira, 25/02, a Polícia Civil de São Paulo fez uma grande operação na famosa Cracolândia, na região central da Luz, onde o consumo de crack é frequente. Segundo informações amplamente divulgadas pela imprensa, mais de 300 pessoas foram abordadas, sendo que 76 foram detidas e 250 encaminhadas para assistência social.

A ação ressaltou a polêmica dessa questão.

Em entrevista à Rádio CBN, o jurista Walter Maierovitch criticou duramente a ação policial, acusando-a de constranger os abordados e pediu para haver uma ação melhor elaborada, que diferencie usuários de traficantes.

Por outro lado, frequentemente pessoas reclamam que policiais passam pelos usuários e não fazem nada.

E a polêmica atingiu até as esferas políticas, já que o secretário municipal de Saúde, Januário Montone, chamou a operação de pirotécnica e afirmou que aumenta a discriminação aos usuários de drogas. O delegado da Polícia Civil responsável pelo centro, Aldo Galiano, rebateu a crítica e classificou a declaração de Montone como insensata. Um choque dentro da aliança PSDB - DEM.

Na minha opinião, as críticas deveriam apenas complementar a ação policial, não denigrir.

Parece até que os policiais foram tiranos ao tirar um monte de drogados do meio da rua. Será que quem passa pela região também acha isso? Será que eles estão revoltados com os policiais por prenderem mais de 70 traficantes? Será que eles estão indignados por poder, pelo menos enquanto os policiais estavam lá, caminhar pela rua sem ser abordado por alguém totalmente sem consciência dos atos, alucinada, sob efeito do crack?

Em entrevista à TV Globo, um garoto contou que se fica sem a droga, o corpo dele começa a tremer e, se não tem dinheiro para comprar mais pedras, a saída é roubar. Uma criança falou isso!

É lamentável ver esse monte de especialistas só reclamando e defendendo alguém que está fazendo uma coisa errada.

É inegável que só a ação policial não resolverá a questão. Baseado em tantas entrevistas que já ouvi sobre o assunto, acredito ser inegável a necessidade de existir um tratamento diferenciado para esses usuários, pois o crack é extremamente cruel.

Mas não dá para classificar os usuários como vítimas. Não dá para considerar uma vítima alguém que roube, machuque ou mate outra pessoa para comprar drogas. Não dá para classificar como vítima alguém que apavore os comerciantes e pedestres por fazer de tudo para comprar entorpecentes.

Mas também não podemos desprezá-los, abandoná-los e fechar os olhos para a dependência deles, pois isso também é um problema nosso.

É necessária uma ação conjunta de toda a sociedade. É preciso educar melhor os filhos - e pensar bem se tem condições de colocá-los no mundo.

É preciso uma atuação firme da Polícia para combater o tráfico de drogas.

É necessário criar uma estrutura que atenda esses dependentes. E é preciso mudar a lei, pois não dá para deixar essas pessoas decidirem se querem ser tratadas ou não. Se os entorpecentes causassem danos somente à própria saúde, aí seria outra história. Mas, alucinados, os usuários geram medo em quem passa pela região.

É um problema de toda a sociedade. E precisa ser resolvido por toda a sociedade, não basta deixar nas mãos das autoridades, ou somente criticar suas ações.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

E-lixo

O Governo do Estado de São Paulo lançou uma novidade bem interessante que pode ajudar os moradores do estado a descartar corretamente o "lixo eletrônico" - baterias, pilhas, aparelhos eletrônicos em geral.

Trata-se do E-lixo, uma espécie de "google maps" onde é possível visualizar os locais para descartar todo esse lixo que tanto agride a natureza.

É tudo bem simples. Você entra no site, digita seu CEP e escolhe que tipo de material você vai mandar embora. Aí só clicar em "buscar" e aparecerão os pontos de coleta mais próximos da sua residência - o que não significa que o local seja realmente pertinho da sua casa, pois ainda precisamos de mais unidades espalhadas pelo país.

A novidade é muito boa, pois muitas pessoas acabam jogando fora o lixo elêtrônico junto com o lixo normal justamente por não saber onde descartar esse material. E quem paga o preço é a natureza.

Então, paulistas, agora não há mais desculpas. É hora de separar toda aquela tralha e levar para um dos pontos de coleta.

E fica a dica para outros governos, autoridades e pessoas com boa vontade!

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Avatar

Depois de ouvir muitos comentários, alguns positivos, outros negativos, sobre o filme "Avatar", estava começando a criar coragem para ir vê-lo. Mas, como normalmente acontece, provavelmente eu iria esperar para, algum dia, por acaso, assistir ao filme da moda.

Eu queria mesmo era ver "Invictus". E fui ao cinema para vê-lo. Mas, no desânimo de ler as legendas, eu e minha noiva preferimos assistir algum filme dublado. Olhamos o que estava passando nas salas de cinema e vimos que em cerca de meia hora iria passar Avatar. Não tivemos dúvidas: iriamos ver os humanóides azuis.

O filme é longo, são quase três horas na frente da tela, mas, vale cada segundo.

A história, muito criativa, consegue prender a atenção e as imagens são muito bonitas. Gostei dos efeitos especiais, do elenco, mas o melhor do filme é a mensagem.

A moral da história ambientalista é muito bonita e mais do que necessária. O filme mostra bem como a ganância e ambição do homem não respeita a natureza. Mas mostrou também como o homem é vulnerável às respostas da natureza.

"Avatar" mostra como podemos viver em harmonia com o meio ambiente e como muitos de nossos valores são deturpados, pois supervalorizamos coisas "vulgares".


Avatar é um prato cheio para quem gosta de um bom filme, com um roteiro agradável, belas imagens e um bom conteúdo para debater e refletir.

NOS DIAS ATUAIS

Atualmente já sentimos os efeitos desse histórico desrespeito com o meio ambiente. Não podemos culpar a natureza pelas enchentes, pelas anormais altas e baixas temperaturas no planeta.

Isso é culpa do próprio humano. Claro que desastres naturais acontecem, mas muitas das tragédias que a imprensa divulga é 99% culpa dos humanos. Culpa dos seres "mais inteligentes" do planeta, que ironicamente são os únicos que destrõem florestas, poluem rios, mares e oceanos e matam outros animais apenas por esporte. O único que devasta o habitat natural de outras espécias, pois invade e domina todas as regiões habitáveis do mundo e expulsa de lá qualquer outro animal.

Que o filme Avatar consiga mudar conceitos e "converta" muitos humanos em ambientalistas. Que o filme desperte nos humanos a necessidade de entrar em sincronia com a natureza.

Que isso ocorra antes que não sobre ninguém para contar a história dos Na'vi...

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Ponto de vista

Uma das áreas que acho mais fascinante e, um dia, pretendo mergulhar nesse mundo, é a psicologia. Acho sensacional poder enxergar melhor o que as pessoas querem dizer através de suas ações, gestos, olhares e expressões, e mais, quero aprender a ler as entrelinhas, entender além do que foi dito.

Vivendo e aprendendo, vou observando tudo que posso, como todo bom jornalista tem que fazer.

Essa semana, o Jornal O Estado de São Paulo deu um "furo": conseguiu obter os números da criminalidade no estado de São Paulo antes que a Secretaria de Segurança Púiblica os divulgasse oficialmente.

E a mídia toda abocanhou essa pauta. Emissoras de Rádio e TV, blogs, sites, todos aproveitaram o interessante tema.

Há alguns anos o estado vem acompanhando uma queda em alguns itens da criminalidade. Mas, em 2009, houve um recorde de roubos no estado de São Paulo, como divulgou o jornal (leia a matéria clicando aqui).

Porém, quando o Governo publicou os números, a manchete foi outra: os índices de criminalidade do 4º trimestre de 2009 confirmam tendência de queda (confira a matéria clicando aqui).

A questão que o cidadão fez após ler as duas manchete foi: "quem está certo? Quem está errado?"

Na verdade, ambos estão certos. O que diferencia os textos são os focos.

O Jornal utilizou números que realmente cresceram, como o de roubos, que subiu de 248.406 casos em 2008 para 257.004 ocorrências em 2009.

Já a Secretaria de Segurança optou por destacar os índices que apresentaram queda, como o número de carros roubados: no quarto trimestre de 2008 foram 16.647 e em 2009 foram 16.028.

Tudo depende do ponto de vista.

Como jornalistas, ou órgãos públicos, temos que mostrar os dois lado da moeda e a população tirar suas próprias conclusões.

Outro exemplo foi a conta feita hoje pela apresentadora de um programa jornalístico da Rádio Eldorado (que pertence ao mesmo grupo do Estadão). Ela fez a seguinte conta: pegou o número de assaltos e dividiu pela quantidade de dias em um ano. O resultados foi o seguinte: aproximadamente 704 roubos por dia. Um número assustador.

Mas, a apresentadora não levou em conta o seguinte detalhe: são 645 munícipios em São Paulo. Fazendo mais uma continha simples, chegamos à média de 1,09 roubos por dia em cada cidade. (704 roubos dividido pelas 645 cidades). Um número que não causa tanto impacto quanto o outro.

Tudo depende do ponto de vista. Pode ser um número assustador, terrível, ou pode ser um número que gera esperança, que mostra uma realidade possível de ser melhorada. Isso varia de acordo com a intenção de quem está escrevendo a matéria.

O que não muda de acordo com a opinião são os números. É um índice alto. Viver em São Paulo gera insegurança e, todo dia, eu olho bem para os dois lados da rua antes de abrir o portão para sair de casa.

Ando sempre olhando para todos os lados, tentando me antecipar a uma possível tentativa de assalto. E fico ainda mais preocupado pois quase não vejo viaturas perto a minha casa e sempre fico sabendo de novas vítimas de criminosos no bairro.

Um dia um fica sem carro, outro dia outro fica sem carteira e celular. Um dia uma mulher vê sua bolsa sendo levada, no outro dia um imóvel é invadido. E não estou inventando histórias. Um dia foi a minha noiva que ficou sem a bolsa. Outro dia foi a escola onde minha mãe trabalha que foi invadida. Um dia fui eu quem ficou sem celular. Outro dia foi a chefe da minha mãe que teve o carro roubado.

A Polícia parece não saber como agir para prevenir o crime, pois ela sempre chega depois.

A população não acredita que terá seu bem devolvido e muito menos que o criminoso será preso.

Enquanto isso, os jornais estampam o caos e o Governo espalha a esperança.