Na quinta-feira, 25/02, a Polícia Civil de São Paulo fez uma grande operação na famosa Cracolândia, na região central da Luz, onde o consumo de crack é frequente. Segundo informações amplamente divulgadas pela imprensa, mais de 300 pessoas foram abordadas, sendo que 76 foram detidas e 250 encaminhadas para assistência social.
A ação ressaltou a polêmica dessa questão.
Em entrevista à Rádio CBN, o jurista Walter Maierovitch criticou duramente a ação policial, acusando-a de constranger os abordados e pediu para haver uma ação melhor elaborada, que diferencie usuários de traficantes.
Por outro lado, frequentemente pessoas reclamam que policiais passam pelos usuários e não fazem nada.
E a polêmica atingiu até as esferas políticas, já que o secretário municipal de Saúde, Januário Montone, chamou a operação de pirotécnica e afirmou que aumenta a discriminação aos usuários de drogas. O delegado da Polícia Civil responsável pelo centro, Aldo Galiano, rebateu a crítica e classificou a declaração de Montone como insensata. Um choque dentro da aliança PSDB - DEM.
Na minha opinião, as críticas deveriam apenas complementar a ação policial, não denigrir.
Parece até que os policiais foram tiranos ao tirar um monte de drogados do meio da rua. Será que quem passa pela região também acha isso? Será que eles estão revoltados com os policiais por prenderem mais de 70 traficantes? Será que eles estão indignados por poder, pelo menos enquanto os policiais estavam lá, caminhar pela rua sem ser abordado por alguém totalmente sem consciência dos atos, alucinada, sob efeito do crack?
Em entrevista à TV Globo, um garoto contou que se fica sem a droga, o corpo dele começa a tremer e, se não tem dinheiro para comprar mais pedras, a saída é roubar. Uma criança falou isso!
É lamentável ver esse monte de especialistas só reclamando e defendendo alguém que está fazendo uma coisa errada.
É inegável que só a ação policial não resolverá a questão. Baseado em tantas entrevistas que já ouvi sobre o assunto, acredito ser inegável a necessidade de existir um tratamento diferenciado para esses usuários, pois o crack é extremamente cruel.
Mas não dá para classificar os usuários como vítimas. Não dá para considerar uma vítima alguém que roube, machuque ou mate outra pessoa para comprar drogas. Não dá para classificar como vítima alguém que apavore os comerciantes e pedestres por fazer de tudo para comprar entorpecentes.
Mas também não podemos desprezá-los, abandoná-los e fechar os olhos para a dependência deles, pois isso também é um problema nosso.
É necessária uma ação conjunta de toda a sociedade. É preciso educar melhor os filhos - e pensar bem se tem condições de colocá-los no mundo.
É preciso uma atuação firme da Polícia para combater o tráfico de drogas.
É necessário criar uma estrutura que atenda esses dependentes. E é preciso mudar a lei, pois não dá para deixar essas pessoas decidirem se querem ser tratadas ou não. Se os entorpecentes causassem danos somente à própria saúde, aí seria outra história. Mas, alucinados, os usuários geram medo em quem passa pela região.
É um problema de toda a sociedade. E precisa ser resolvido por toda a sociedade, não basta deixar nas mãos das autoridades, ou somente criticar suas ações.
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