sexta-feira, 15 de maio de 2009

Falando em protesto

Nos últimos dois posts o tema era protesto. No primeiro, uma comunidade se revoltou com a prisão de três rapazes acusados de estarem ligados ao tráfico de drogas. A rebelião resultou em confronto com a Polícia, 4 veículos queimados, motoristas assaltados e um cenário de guerra nas ruas. 

No outro, alunos da escola estadual Professor Antônio Firmino de Proença, na Mooca, quebraram janelas do colégio após uma ação da Polícia Militar. As informações a seguir foram encontradas na Rádio CBN e no Jornal da Tarde. Os PMs foram chamados pela direção da escola sob a alegação de que dois alunos de outro período tinham invadido a escola e estavam usando drogas no pátio. A Polícia usou gás lacrimogêneo e os garotos alegaram ter sido espancados. A notícia deixou os colegas revoltados e o quebra-quebra começou.



Mais uma vez, um protesto contra ação dos policiais. Mais uma vez, o final é vandalismo.

Por que essa guerra entre população e Estado?  O que acontece, ou não, para tanta revolta?

Na minha opinião, cenas como essas acontecem nas escolas por falta de punição e interação com alunos.

É incrível a sensação de impunidade aos alunos. Pseudo-estudantes dão tapas, socos, ameaçam verbalmente, apontam armas aos professores e o que acontece? Punição máxima: o aluno é transferido de escola. Uma "punição" ridícula e que não mete medo nem em alunos do primário.

Outro problema é a falta de interatividade entre o aluno e a escola. Não há atividades que estimulem o aluno a gostar de estar na escola. É um relacionamento: finge que aprende e eu finjo que ensino. E isso é bem claro ao observar o resultado da avaliação dos alunos no Saresp. O principal estado do país tem alunos que mal conseguem tirar nota 5. E o que é feito para acabar com esse problema? 

Agora o Governo Serra lançou um programa de capacitação dos professores. Para ingressar na rede pública de ensino, o candidato terá que passar por um concurso e, se passar, terá pela frente um período de 4 meses de treinamento. Então poderá lecionar. Uma ótima medida, afinal, para ensinar algo o professor tem que dominar o assunto. Porém, essa medida soa mais como "combater o mal pelas folhas". A raíz permanece "intocada".

Para começar, falta segurança para professores. Dar aulas em escolas públicas é uma aventura. A punição para o desrespeito aos professores deveria ser realmente punitiva e que ajudasse o aluno a corrigir a postura, não somente transferir o problema para outra escola. Uma das medidas poderia ser o trabalho comunitário. Outra, dependendo da violência, a detenção na Fundação CASA.

Paralelo a isso, o sistema de ensino deve mudar. Só repetir no aluno o final de cada ciclo é piada de mau-gosto. É necessário um sistema que realmente avalie e, quem não tiver aprendido o conteúdo básico do ano letivo, que o faça novamente. Aulas de reforço também devem ser feitas com frequência.

Além do mais, é necessário maior interação com os alunos. Realizar torneios e campeonatos, como as Olimpiadas da Matemática, é uma forma de incentivar o estudo. Dar mais opções de leitura e acessibilidade ao aluno é outra maneira de fazer o aluno ver que a escola é um lugar onde ele realmente vá aprender algo útil.

Mas o problema não é somente do Governo. Os alunos são desinteressados, não estão preocupados em aprender e não entendem que as janelas e carteiras que eles destrõem são pagos com os impostos que os pais deles pagam. Aliás, os pais também são culpados, pois não dão atenção e educação aos filhos.

O problema só vai ser solucionado com uma reciclagem da sociedade. Governo e "cidadãos" precisam mudar o comportamento, ou a tendência é que as revoltas sejam cada vez mais violentas.

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